sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Manual de Ferramentas da Web 2.0 para Professores

    
     "Com o aparecimento da World Wide Web alterou-se a forma como se acede à informação e como se passou a pesquisar, preparar aulas, planear uma viagem ou a comunicar com os outros. No início da década de 90, Berners-Lee et al. (1994) referem que a Web “foi desenvolvida para ser um repositório do conhecimento humano, que permitiria que colaboradores em locais distintos partilhassem as suas ideias e todos os aspectos de um projecto comum” (p. 76). A ideia de partilha e de fácil acesso esteve subjacente à sua criação e contribuiu para o seu sucesso, tendo o seu crescimento superado qualquer expectativa. Todos os que a utilizam e que para ela contribuem reconhecem a sua riqueza, podendo contribuir para o desenvolvimento da inteligência colectiva, como refere Lévy (1997; 2000).
A Web começou por ser sobretudo texto com hiperligações, a que se vieram a associar imagens, som e mais tarde vídeo. Tivemos momentos em que os sítios Web pareciam mostruários de cor, som e de animações (Carvalho, 2005). Depois da euforia multicolor e sonora, passou-se a uma fase de maturidade em que se procura a sobriedade e a simplicidade. Com a Web democratizouse a publicação online e o acesso à informação. Com o aparecimento das funcionalidades da Web 2.0, conceito proposto por Tim O’Reilly e o MediaLive International, a facilidade de publicação online e a facilidade de interacção entre os cibernautas torna-se uma realidade. O’ Reilly (2005), num artigo sobre a Web 2.0, propõe palavras-chave que caracterizam a Web 1.0  a Web 2.0 fazendo uma comparação evolutiva entre esses dois conceitos. "

   É um manual interessantes, com conceitos, dicas e sugestões muito práticas.... passem por lá...

web 3.0... artigos

Deixo-vos aqui o url do blog do John Markoff, tem temas e tópicos de discussão muito interessantes e pertinentes.


Outro artigo que achei bastante interessante foi o da Susana Almeida Ribeiro, no Público.

"O que é a Web 3.0?



A web 3.0 é a visão de uma era em que os motores de busca não se limitam a recolher e apresentar os dados que andam dispersos pela Internet, mas antes são capazes de "mastigar" essa informação e produzir respostas concretas

Numa altura em que a Web 2.0 já se estabeleceu na vida dos internautas, que diariamente frequentam redes sociais como o Facebook e o Twitter, está na hora de abrir as portas à Web 3.0, o passo seguinte da evolução tecnológica num mundo em que as máquinas se aproximam cada vez mais do universo da inteligência artificial."

web 3.0

     O termo Web 3.0 foi empregado pela primeira vez pelo jornalista John Markoff, num artigo do New York Times e logo incorporado e rejeitado com igual ardor pela comunidade virtual. A principal reacção vem da blogosfera. Nos diários virtuais de especialistas detractores, a crítica mais comum é a de que Web 3.0 nada mais é do que a tentativa de incutir nos internautas um termo de fácil assimilação para definir algo que ainda nem existe. Aliás, críticas idênticas já se fazem à Web 2.0.



     A Web 3.0 propõe-se a ser, num período de cinco a dez anos, a terceira geração da Internet. A primeira, Web 1.0, foi a implantação e popularização da rede em si; a Web 2.0 é a que o mundo vive hoje, centrada nos mecanismos de busca como Google e nos sites de colaboração do internauta, como Wikipedia, YouTube e os sites de relacionamento social, como o Facebook. A Web 3.0 pretende ser a organização e o uso de maneira mais inteligente de todo o conhecimento já disponível na Internet.

A controvérsia está lançada... Tap versus Facebook




Opiniões de pilotos da TAP no Facebook "contaminam relacionamento" interno


    


      As opiniões de pilotos da TAP divulgadas no Facebook, rede social na Internet, estão a "contaminar o relacionamento profissional" entre os trabalhadores da transportadora aérea. Numa reacção às ameaças de greve do Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) - que acusa a companhia de ter imposto a nove pilotos a frequência de um curso de ética -, a TAP critica a discussão na praça pública de problemas internos e garante que a formação é "coincidência temporal". O Ministério do Trabalho está a acompanhar o caso.
     "A erupção deste incidente acaba por justificar e reforçar a necessidade de fazer este tipo de formação. Estão já marcadas várias acções de formação que vão acontecer ao longo do ano", esclareceu António Monteiro, porta-voz da TAP. A empresa não tem um código de conduta interno, apenas se rege pela "regulamentação colectiva, que tem normas gerais que se referem à urbanidade entre colegas".
     Tudo começou no Facebook. A rede social que já tem mais de 300 milhões de utilizadores (perto de dois milhões em Portugal) tem sido palco de desabafos internos do pessoal navegante, queixas e comentários que motivaram mesmo a apresentação por parte de um piloto, visado num dos comentários, de uma queixa-crime por difamação. O caso está em tribunal, mas a decisão da TAP de realizar um curso de ética a nove pilotos que "mantiveram um diálogo privado" no site fez estalar a polémica.
     Numa assembleia geral realizada a 6 de Janeiro, os pilotos aprovaram uma moção em que defendem que a transportadora "impôs arbitrariamente e sem justificação" a frequência de um curso de ética "com elevados custos para a companhia, tendo como objectivo humilhá-los". Segundo a Lusa, na moção os trabalhadores acusam a TAP de estar a discriminar os trabalhadores e ponderam recorrer à greve.
     Contacto, o SPAC não quis tecer qualquer comentário, confirmando apenas que amanhã à tarde haverá uma assembleia geral extraordinária. "Num ano com alguns sinais de retoma e normalização, em que a empresa pode consolidar-se e até ter resultados positivos - com vantagens também para os trabalhadores - começar 2010 com o fantasma da greve é negativo", comentou António Monteiro.
     O porta-voz da TAP garante que a formação em ética, que terá o nome de Corporate Crew Resource Management, é "normal" e será frequentada por todo o pessoal navegante. "Podem ter sido integrados novos módulos mas isso também é normal porque a sociedade evolui", disse, recusando a ideia de que o curso só será dirigido aos nove pilotos envolvidos.
     "A escolha é aleatória. Não há qualquer intenção de humilhar estes pilotos. Estamos todos a aprender a relacionar-nos com novas formas de comunicação", acrescentou.

in Público

Documentário do Discovery Channel sobre o Facebook

     Este documentário produzido pela Discovery Channel esclarece sobre o início da Rede Social Facebook e como o site fez sucesso rapidamente. Tem uma entrevista com o seu criador Mark Zuckerberg e em como alguns grandes figurões do mundo dos negócios acharam que o projeto logo afundaria.

Facebook


"O Facebook ajuda você a se comunicar com seus amigos do mundo todo e a compartilhar momentos especiais de sua vida!"
in facebook

     O Facebook é uma rede social. É um site onde cada pessoa pode ter o seu perfil, ou seja, os seus dados pessoais, as suas fotos, videos, links, notas etc. Os membros desta rede social, como aliás de todas as outras, interagem entre si, visitando os perfis, fazendo amigos, estabelecendo contactos, deixando comentários, enviando mensagens entre si, numa palavra, comunicam.
     O site foi fundado em 2004 por Mark Zuckerberg. Inicialmente tinha como alvo apenas os estudante da universidade Harvard, mas progressivamente foi permitindo a inscrição de estudantes de outras escolas até que em 2006, estava disponível para todos.
     O Facebook é usado por vezes por empresas para recrutamento de empregados, mas também existem empresas e mesmo repartições do Estado em alguns países que bloquearam o acesso ao site nas instalações.
     Em 2007 a Facebook Inc. vendeu 1,6% de quota da sua empresa à Microsoft Corp. por $240 milhões de dólares.

Pode experimentar aqui: http://www.facebook.com/

A Google

Google Inc. é uma empresa desenvolvedora de serviços online, sediada na Califórnia, Estados Unidos. Seu primeiro serviço foi o Google Search, hoje o site de busca mais usado no mundo, que foi criado a partir de um projecto de doutorado dos então estudantes Larry Page e Sergey Brin da Universidade de Stanford em 1996. Este projecto, chamado de Backrub, surgiu devido à frustração dos seus criadores com os sites de busca da época e teve por objectivo construir um site de busca mais avançado, rápido e com maior qualidade de ligações. Brin e Page conseguiram seu objectivo e, além disso, apresentaram um sistema com grande relevância às respostas e um ambiente extremamente simples. Uma das propostas dos criadores do Google era ter uma publicidade discreta e bem dirigida para que o utilizador perca o menor tempo possível, sem distracções.



O Google, hoje, fornece dezenas de outros serviços online, em sua maioria gratuitos, que incluem serviço de e-mail, edição e análise de sites, rede social, comunicação instantânea, tradução, fotos e vídeos, entre outros; assim como ferramentas de pesquisa especializada, que inclui, entre outras coisas, notícias, imagens, vídeos e artigos académicos.



A maior parte das receitas da Google provêm do serviço Google AdSense, que é voltado para a publicidade online, por meio de links patrocinados.



Em 2008 a empresa lançou sua plataforma para celulares inteligentes, o Android. Um ano depois ela introduziu a primeira versão de seu sistema operacional baseado na web Chrome OS.
Fonte: Wikipédia

Era digital II

O que é um blog?
Como criar um blog?
Que novas linguagens existem na "blogesfera"?

Era digital...

Vivemos no mundo da "Era Digital"... onde os vídeos substituem os manuais de instruções...

Web 1.0 versus Web 2.0


quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Sobre blog's...



Blog's



"Blogar é escrever o que pensamos quando lemos o que os outros escrevem. Se continuarmos, outras pessoas eventualmente escreverão o que pensam quando nos lêem, e assim entraremos numa nova esfera de relações humanas."



Will Richardson

     Um blog é uma contração do termo "Web log", também chamado de blogue em Portugal, é um site cuja estrutura permite a actualização rápida a partir de acréscimos dos chamados artigos, ou "posts". Estes são, em geral, organizados de forma cronológica inversa, tendo como foco a temática proposta do blog, podendo ser escritos por um número variável de pessoas, de acordo com a política do blog.
     Muitos blogs fornecem comentários ou notícias sobre um assunto em particular; outros funcionam mais como diários online. Um blog típico combina texto, imagens e links para outros blogs, páginas da web e mídias relacionadas a seu tema. A capacidade de leitores deixarem comentários de forma a interagir com o autor e outros leitores é uma parte importante de muitos blogs.
     Alguns sistemas de criação e edição de blogs são muito atrativos pelas facilidades que oferecem, disponibilizando ferramentas próprias que dispensam o conhecimento de HTML. A maioria dos blogs são primariamente textuais, embora uma parte seja focada em temas exclusivos como arte, fotografia, vídeos, música ou áudio, formando uma ampla rede de mídias sociais. Outro formato é o microblogging, que consiste em blogs com textos curtos.
     Em Dezembro de 2007, o motor de busca de blogs Technorati rastreou a existência de mais de 112 milhões de blogs. Com o advento do videoblog, a palavra "blog" assumiu um significado ainda mais amplo, implicando qualquer tipo de mídia onde um indivíduo expresse sua opinião ou simplesmente discorra sobre um assunto qualquer.
    Os blogs começaram como um diário online e, hoje, são ferramentas indispensáveis como fonte de informação e entretenimento. O que era visto com certa desconfiança pelos meios de comunicação virou até referência para sugestões de reportagem.
     A linguagem utilizada pelos “blogueiros” foge da rigidez da praticada nos meios de comunicação deixa o leitor mais próximo do assunto, além da possibilidade do diálogo entre comunicador e audiência. Grandes portais de notícias veiculam com frequência informações de blog e dão crédito ao jornalista
     Muitos sites oferecem gratuitamente serviço de hospedagem de blog com ferramentas que ajudam na configuração da página na web.

Youtube


YouTube é um site que permite que seus usuários carreguem e compartilhem vídeos em formato digital. Foi fundado em Fevereiro de 2005 por três pioneiros do PayPal, um famoso site da Internet ligado a gestão de transferência de fundos.

O YouTube utiliza o formato Adobe Flash para disponibilizar o conteúdo. É o mais popular site do tipo (com mais de 50% do mercado em 2006) devido à possibilidade de hospedar quaisquer vídeos (excepto materiais protegidos por copyright, apesar deste material ser encontrado em abundância no sistema). Hospeda uma grande variedade de filmes, videoclipes e materiais caseiros. O material encontrado no YouTube pode ser disponibilizado em blogs e sites pessoais através de mecanismos (APIs) desenvolvidos pelo site.

Possivelmente interessado em expandir o mercado de publicidade de vídeos através de seu AdSense e também em se consolidar como um dos maiores serviços de Internet do mundo, foi anunciada em 9 de Outubro de 2006 a compra do YouTube pelo Google, pela quantia de US$1,65 bilhão em acções. O resultado desta aquisição pode unificar o serviço com o Google Vídeo.

A revista norte-americana Time (edição de 13 de Novembro de 2006) elegeu o YouTube a melhor invenção do ano por, entre outros motivos, "criar uma nova forma para milhões de pessoas se entreterem, se educarem e se chocarem de uma maneira como nunca foi vista"

Fonte: Wikipédia


quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Tim O'Reilly



O "Pai" da Web 2.0... e um impulsionador do movimento " Open Source"

web 2.0



Uma rede feita de pessoas...

Tenho de confessar…

estou viciada em blog’s….
Numa das muitas pesquisas de blog’s, descobri um que me pareceu bastante interessante, com artigos que nos fazem pensar…. deixou-vos aqui para o poderem ler…

Web 2.0: ameaças e oportunidades
Por Aleksandar Mandic


     Apesar de todo o seu anunciado potencial de inovação em várias frentes (da tecnológica à social, passando pela econômica), a verdade é que, sem modelos de uso e de negócios verdadeiramente robustos, a Web 2.0 corre o risco de não ser nem evolução e nem revolução, o que seria um tremendo desperdício. Por outro lado, nunca foi tão barato inovar e empreender como na Web 2.0.
     Muito já tem sido discutido a respeito das características do que seria a Web 2.0. Por isso, começo este artigo com apenas uma breve recapitulação dessas características a fim de preparar o terreno para discutir o assunto sob um enfoque que acredito ser importante e, a meu ver, pouco ressaltado até aqui.
     Mais do que uma nova versão de algum aplicativo específico de software, como um editor de textos, a Web 2.0 é na verdade um novo conjunto de práticas para a criação de aplicativos para a Internet.
    Mas o que esses aplicativos têm de especial em relação àqueles que marcaram os primeiros usos comerciais da rede durante os anos 90 a ponto de merecerem um novo termo que os caracterize?
     Bom, tecnicamente, a viabilidade da criação desses aplicativos surgiu da ação da Lei Moore, que prevê que a capacidade dos microprocessadores deve dobrar a cada 12 ou 18 meses sem que seus custos de produção cresçam na mesma proporção, e de dinâmicas semelhantes relativas a outros componentes e serviços como memória, armazenamento e banda, durante os anos que separam esses dois períodos.
     A capacidade dos sistemas computacionais comercialmente viáveis na atualidade supera muitas vezes a daqueles do início da Internet comercial.
     Isso, por sua vez, permite que hoje sejam executados aplicativos onde antes só era possível a publicação de conteúdos estáticos.
    Finalmente, em virtude das características do ambiente do seu uso, a Internet, esses aplicativos são definidos pelo potencial de interatividade e colaboração entre seus usuários e pela sua participação na criação, edição e publicação de novos conteúdos online.
   Não seria muito impreciso dizer que, na prática, esses aplicativos apenas transferem algumas funcionalidades do desktop para a web, além de simplificarem a colaboração e a publicação online.
   Ah sim, agora somos muitos milhões mais usuários na Internet do que no final da década de 90.


Isso é evolução ou revolução?

     Conceitualmente, e mesmo tecnicamente, isso é evolução. A massificação do uso desses aplicativos, porém, pode ser econômica e socialmente revolucionária. Permitam-me fazer um pequeno desvio e contar um pouco da história da indústria de computação que ajuda a ilustrar o meu argumento.
     Em 1975, em um centro de pesquisas avançadas da Xerox, o Palo Alto Research Center (PARC), já havia implementações plenamente funcionais das principais tecnologias que viriam a definir a indústria do PC nas décadas seguintes (tecnologias tais como a interface gráfica, redes locais ethernet, programação orientada a objetos e impressoras a laser).
     Lembrem-se de que a Microsoft foi fundada naquele mesmo ano. A Apple só seria fundada no ano seguinte.
     Além da impressora a laser (que, por sinal, rendeu muitas vezes mais que o custo de toda a pesquisa desenvolvida no PARC até então), a Xerox falhou em comercializar modelos viáveis das demais tecnologias (só os componentes do Alto, o PC criado no PARC, custavam cerca de US$ 10.000,00... e naquela época!).
     Foi preciso que os engenheiros da Apple viessem a conhecê-la durante uma visita ao PARC para que a interface gráfica ganhasse uma versão comercialmente viável na forma do Macintosh, em 1984. O Windows só ganharia uma versão independente do DOS em 1995.
     O advento das interfaces gráficas foi o que definitivamente transformou o PC em um produto de consumo de massa, com as conseqüências que todos conhecemos.
     Alguém diria que a massificação do PC não foi uma revolução social e econômica? Alguém sabe quem são Steve Jobs e Bill Gates? Alguém sabe o nome de algum dos pesquisadores do PARC nos anos setenta?
     A Web 2.0 pode representar para a Internet o mesmo que a interface gráfica representou para o PC em termos de simplificação de uso, de popularização e de criação de novos modelos econômicos.
    Além disso, no caso da Web 2.0 em especial, sua massificação também traz novas formas de interação social.


Ameaças


    Como eu disse, embora a Web 2.0 seja técnica e conceitualmente evolucionária, seu potencial de transformação social e econômica pode ser revolucionário. Eu disse "pode ser" porque, ao contrário do que toda a agitação e divulgação a respeito da Web 2.0 fazem parecer, a Web 2.0 não vai simplesmente acontecer espontaneamente, como que por autocatálise.
     Existe muita conversa a respeito dos efeitos revolucionários da Web 2.0, mas quase nada é dito sobre como a Web 2.0 vai ser financiada no longo prazo, isto é, como ela vai se pagar.
     Além disso, enquanto vivemos um momento de excitação com as possibilidades desse novo modelo, também há muita incerteza e cacofonia sobre os cenários de uso que vão efetivamente "pegar".
     Isso tudo é de extrema importância porque, afinal, é na forma de produtos e serviços comercializados por empresas privadas que essas inovações são introduzidas na sociedade.
    Como pudemos ver pela história do PARC, indefinições nessa área podem resultar em oportunidades perdidas e atrasos tecnológicos de décadas (não falta quem argumente que as "novidades" da Web 2.0 não passam de idéias da Web 1.0 tornadas técnica e economicamente viáveis).
     Para que o acesso a essas inovações seja duradouro, também é preciso que elas sejam sustentáveis do ponto de vista comercial. Do contrário, não há incentivos para que elas continuem sendo oferecidas.
     A história recente da Internet nos mostra que, mesmo quando há investimento de sobra para a criação e comercialização de novos produtos, esses esforços não geram frutos sem um modelo comercial sustentável.
     Então, quais são os casos de uso da Web 2.0 que devem se massificar? Será que vamos todos criar e manter blogs? Vamos todos usar a Wikipedia? Vamos mesmo usar editores de texto através do browser? Vamos todos usar o Orkut e criar tags para bookmarks no del.icio.us?
     O que pode diferenciar os vários serviços de publicação de blogs uns dos outros? E as diferentes redes sociais?


E como esses serviços vão gerar receitas a seus criadores?


Estudo de caso
     Creio que uma rápida análise da história do Google pode nos dar algumas indicações de como tornar a Web 2.0 mais robusta tanto como produto como quanto negócio.
     Em 1998, quando o Google foi oficialmente lançado como produto, era consenso que o mundo não precisava de mais um mecanismo de buscas na web. Já havia muitos deles e nenhum funcionava direito.
     Nessa época, o sistema de ordenamento de resultados de buscas de todos os mecanismos era baseado em métricas simples e facilmente manipuláveis como o número de vezes em que os termos de buscas apareciam em cada resultado.
     Além disso, o modelo predominante de receitas era a publicidade baseadas em números de impressões, isto é, no número de vezes em que um banner era mostrado aos usuários.
     Por essa razão, todos os serviços que haviam começado como mecanismos de buscas haviam expandido seus serviços para também incluírem diferentes formas de conteúdo a fim de manter cada usuário o máximo de tempo possível em seus domínios para que pudessem lhe mostrar um monte de banners.


Eles estavam se tornando "portais de internet".


     De fato, em relatório aos acionistas, o presidente mundial do Yahoo na época chegava a se vangloriar da queda no tráfego do seu mecanismo de buscas, o que significava que seus usuários não tinham interesse em sair do Yahoo durante seu tempo online!
     Eis que surge o Google, que incorporava um sistema de ordenamento de resultados de buscas que parecia adivinhar o que os usuários estavam procurando e que era muito mais difícil de ser manipulado. Basicamente, esse sistema de ordenamento, chamado de PageRank, contava o número de links que cada página na web tinha apontado pra si e usava esse número como indicação da importância de cada documento.
     Assim, o Google, um mecanismo de buscas que realmente retornava resultados relevantes, tornou-se o principal ponto de partida para a navegação na web (em toda a web e não apenas em um portal), agregando tráfego comparável ao dos grandes portais.
     A fim de capitalizar esse tráfego, o Google lançou o AdWords, um sistema de publicidade em que são veiculados pequenos anúncios de texto ao lado dos resultados de busca. Esses anúncios são vinculados aos termos de busca.
     Cada anunciante escolhe os termos de busca aos quais deseja associar seus anúncios de texto e, havendo mais de um interessado, seus anúncios são ordenados segundo o maior lance dado por cada um deles em leilão.
     Esse leilão é acontece automaticamente entre o tempo em que o usuário do serviço envia os seus termos de buscas e recebe de volta os resultados correspondentes (é rápido assim mesmo).
     Os valores dos lances são pré-definidos pelos anunciantes. Além disso, eles também "carregam" seus anúncios com créditos, tal como na telefonia celular pré-paga. Esses créditos só são descontados quando os anúncios são clicados, levando o usuário do serviço ao destino definido pelo anunciante.
     O AdWords incorporava contextualização e medição de performance ao mundo da publicidade online e na medida do bolso de casa anunciante (o lance mínimo era de US$ 0,05).
     Pronto, estava criada uma máquina de imprimir dinheiro em um tipo de serviço em que, até pouco tempo, o presidente mundial do Yahoo, a maior empresa de Internet de então, fazia questão de dizer que sua empresa não ia bem e que isso não importava.
     Minha pergunta agora é: qual será o PageRank dos blogs, das redes sociais, dos wikis ou dos aplicativos online de escritório?
     Qual será a funcionalidade que tornará toda uma categoria de serviço tida até então como confusa e de utilidade questionável em algo indispensável em nossas vidas online?
E qual será seu equivalente do AdWords? Qual será a sua nova "sacada" em termos de geração de receitas?
Qual será "aquela" forma de analisar esse cenário e que está na nossa cara, mas não estamos enxergando?
Oportunidades
     A essa altura, você pode estar pensando que não há como competir com o Google. Bom, a verdade é que nenhuma empresa muito grande é boa em todos os segmentos em que atua (e nem atuam em todos os segmentos existentes).


Do contrário, o próprio Google não teria surgido em face da atuação da Microsoft, certo?


     De fato, já vimos alguns casos que mostram os possíveis pontos fracos do Google, sendo os mais notórios os exemplos do MySpace, uma rede social muito popular nos Estados Unidos e no mundo, e do YouTube.
     Embora nenhum deles tenha chegado perto de gerar receita semelhante à do Google (talvez porque lhes tenha faltado uma "sacada" correspondente ao AdWords), ambos venceram os serviços equivalentes aos seus oferecidos pelo Google na preferência dos usuários (pelo menos no resto do mundo, onde o Orkut nunca fez o mesmo sucesso que aqui).
     Recentemente, o Google deixou passar a oportunidade de adquirir o MySpace por cerca de US$ 250 milhões, pouco menos da metade do que foi posteriormente pago pela News Corp. pela aquisição do serviço, para logo depois fechar um acordo em que pagará US$ 900 milhões ao mesmo MySpace pelo direito exclusivo de veicular anúncios no site por apenas três anos.
     Além disso, o Google pagou cerca US$1,6 bilhão pela aquisição do YouTube, apesar de oferecer serviçoequivalente, o Google Video. Como todos sabemos, o YouTube, mais do que um serviço de vídeos, é uma rede social em torno da qual são compartilhados vídeos.

Além disso, quantas pessoas que você conhece usam serviços como o Google Base ou o Google Co-op? Você já usou algum deles?

     Então, aparentemente o Google não é muito forte em um tipo de serviço fundamental da Web 2.0: as redes sociais (se pensarmos bem, há várias pequenas e grandes melhorias que poderiam fazer uma nova rede social bastante atraente; que tal poder determinar quem pode e quem não pode ver suas fotos ou outras partes do seu perfil?),


E se as redes sociais pudessem ser usadas como uma forma de identidade virtual que servisse para autenticar seu acesso a determinados serviços ou para contextualizar toda a sua experiência online, de forma que cada site lembrasse das suas preferências sem que você precisasse entrar com um login e uma senha diferentes em cada um deles?

     Bom, mas isso não é sobre competir com o Google apenas. Existem outros serviços que, embora não atinjam as mesmas receitas, demonstram boa viabilidade como produto e são lucrativos também.


Aliás, você deve ter notado que eu encerrei minha história sobre a Apple antes de chegar na parte em que a Microsoft se torna a dona do mercado de PC, certo?


Virtude é fazer


     A verdade é que, nunca foi tão barato inovar e empreender como na Web 2.0.
     Hardware que hoje é muitas vezes mais robusto que aquele de poucos anos atrás custa muito menos. Existe uma abundância de excelentes ferramentas de software de código livre (e gratuitas). E, a menos que você esteja servindo vídeos online, seu custo de banda dificilmente serão altos.
     Qualquer modificação que você faça no seu software torna-se instantaneamente disponível a todos os usuários do seu serviço, sem que você tenha que desenvolver e manter uma cadeia de distribuidores físicos. Seus usuários nem mesmo precisarão baixar e instalar nada.
     Só não pense que barato significa fácil.
     Tudo o que tem valor é difícil. Difícil de imaginar, mais difícil ainda de executar na prática.
     Por outro lado, o inverso não é necessariamente verdade. Por isso, cuidado na hora de escolher que problemas seu serviço vai resolver.
     Por fim, seu modelo de receitas não precisa ser baseado em publicidade.
     E nem tudo na web precisa ser gratuito.
     Você se surpreenderia com a quantidade pessoas e empresas dispostas a pagar um preço justo por um bom serviço de software como, por exemplo, um serviço de webmail com caixa de entrada que nunca lota, duplo anti-vírus, dois tipos de anti-spam, backup, sincronização de pastas com seu cliente de email, certificação digital e possibilidade de agregação de até dez outras contas de email numa mesma conta, além de outras características. ;-)

A máquina somos nós - Parte II

" A Web 2.0é a mudança para uma internet como plataforma, e um entendimento das regras para obter sucesso nesta nova plataforma. Entre outras, a regra mais importante é desenvolver aplicativos que aproveitem os efeitos de rede para se tornarem melhores quanto mais são usados pelas pessoas, aproveitando a inteligência colectiva".


Tim O'Reilly, fundador da O'Reilly Media

 

     Na base da Web 2.0 está a participação dos utilizadores: eles acrescentam valor à rede, o serviço melhora quanto mais pessoas o usam, qualquer utilizador pode criar conteúdos e avaliar os que encontra (ratting). Sempre que os utilizadores adicionam conteúdo e sítios novos, esses passam a integrar a estrutura da rede à medida que outros utilizadores descobrem esse novo conteúdo e se ligam a ele. Esta rede de conexões transforma a web numa espécie de gigantesco cérebro global, em contínuo crescimento como se de uma estrutura orgânica se tratasse, o que não deixa de causar sobressaltos a muita gente. A crítica de que a Web se encaminha para uma imensa amálgama de conteúdos sem qualidade, face à ausência de dispositivos formais de avaliação de conteúdos, é contrariada pela crença de que «com um número suficiente de olhos, todos os bugs se tornam visíveis», pelo que apenas a qualidade sobreviverá à efemeridade da Web.


     Mais do que uma tecnologia, a Web 2.0 pode então ser definida como uma nova atitude, uma nova forma de as pessoas se relacionarem com e na Internet: a rede deixa de ligar apenas máquinas, passa a unir pessoas, um processo com implicações sociais profundas.


     Inteligência colectiva é um conceito que surgiu a partir dos debates promovidos por Pierre Lévy sobre as tecnologias da inteligência, caracterizado por um novo tipo pensamento sustentado por conexões sociais que são viáveis através da utilização das redes abertas de computação da Internet. A disseminação de conteúdos enciclopédicos sobre plataformas Wiki, é um exemplo da manifestação desse tipo de inteligência, na medida em que permite a edição colectiva de verbetes e sua hiper vinculação.

 

     “O que é inteligência colectiva?

 

     É uma inteligência distribuída por toda a parte, incessantemente valorizada, coordenada em tempo real, que resulta em mobilização efectiva das competências. Acrescentemos à nossa definição este complemento indispensável: a base e o objectivo da inteligência colectiva são o reconhecimento e o enriquecimento mútuo das pessoas, senão o culto de comunidades fetichizadas ou hipostasiadas.


     Uma inteligência distribuída por toda parte: tal é o nosso axioma inicial. Ninguém sabe tudo, todos sabem alguma coisa, todo o saber está na humanidade. “


Pierre Lévy in A inteligência coletiva: por uma antropologia do ciberespaço



segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

A máquina somo nós... Parte I

Uma das principais característica da Web 2.0 é o focar-se no sujeito, fazendo do utilizador um participante activo na construção do conhecimento. A expressão Web 2.0, nas palavras de Tim O'Reilly, não tem fronteiras bem definidas, mas sim, um núcleo gravitacional, onde orbitam vários conceitos e recomendações, dos quais se destacam dois: a Web como plataforma e a inteligência colectiva.

A Web como plataforma

Uma das principais novidade da Web 2.0 é a sua semelhança com uma plataforma que disponibiliza um conjunto de ferramentas de produção e partilha de conteúdos, tendencialmente gratuitas e fáceis de utilizar, em que publicar on-line deixa de exigir a criação de páginas Web e saber alojá-las num servidor. O utilizador deixa de ser um mero consumidor de informação, para se tornar ele próprio produtor, ao disponibilizar os seus próprios conteúdos ou acrescentando valor aos que encontra na rede. Muitos sítios da Web 2.0 são hoje verdadeiros aplicativos (por exemplo, o Google disponibiliza processador de texto, gestor de correio, folha de cálculo, apresentação electrónica, agenda, agregador de conteúdos, construção e alojamento de páginas, etc.). As suas funcionalidades, a maioria das quais de acesso gratuito e fáceis de usar, possuem a sofisticação de softwares que antes apenas se encontravam disponíveis no disco rígido do computador.




Para os curiosos...

Para os mais curiosos...desafio-vos a navegar e mergulhar na página de Tim O'Reilly... Uma boa leitura.



http://tim.oreilly.com/

Como tudo começou...

O conceito de “Web 2.0” começou com uma conferência de brainstorming entre a O’Reilly e a MediaLive International. Dale Doughherty, pioneiro da web e vice-presidente da O’Reilly, notou que, ao contrário de haver explodido, a web estava mais importante do que nunca, apresentando intrigantes aplicações novas e sítios de sucesso eclodindo com surpreendente regularidade. E, melhor ainda, parecia que as empresas que haviam sobrevivido ao colapso tinham algo em comum. Será que o desmoronamento dot com marcou uma espécie de ponto fulcral dando sentido a uma palavra de ordem do tipo “Web 2.0”? Achámos que sim e, desse modo, nasceu a Conferência Web 2.0.
No ano e meio que se seguiu, o termo “Web 2.0” claramente consagrou-se com mais de 9,5 milhões de menções registadas no Google. Mas ainda existe um enorme desacordo sobre o que significa Web 2.0, alguns menosprezando a expressão — como um termo de marketing sem nenhum sentido — e outros aceitando-a — como a nova forma convencional de conhecimento.
Esse artigo é uma tentativa de esclarecer o que queremos dizer com Web 2.0.
No brainstorming inicial, formulámos a nossa ideia de Web 2.0 através de exemplos:


Web 1.0 Web 2.0
DoubleClick --> Google AdSense
Ofoto --> Flickr
Akamai --> BitTorrent
mp3.com --> Napster
Britannica Online --> Wikipedia
personal websites --> blogging
evite --> upcoming.org and EVDB
domain name speculation --> search engine optimization
page views --> cost per click
screen scraping --> web services
publishing --> participation
content management systems --> wikis
directories (taxonomy) --> tagging ("folksonomy")
stickiness --> syndication

A lista era interminável. Mas o que nos fazia identificar uma aplicação ou abordagem como “Web 1.0” e outro como “Web 2.0”? (A pergunta é especialmente premente porque a noção de Web 2.0 tornou-se tão popular que actualmente companhias estão usando o termo como uma palavra-chave de marketing sem realmente entender o que quer dizer. É particularmente difícil porque muitas dessas novas empresas viciadas na palavra-chave definitivamente não são Web 2.0 e alguns das aplicações que identificamos como Web 2.0, como o Napster e o BitTorrent nem mesmo são verdadeiras aplicações web!) Começamos por tentar trazer à tona os princípios que, de alguma forma, são demonstrados por histórias de sucesso de web 1.0 e pelas novas aplicações mais interessantes.
Tim O’Reilly