quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

A máquina somos nós - Parte II

" A Web 2.0é a mudança para uma internet como plataforma, e um entendimento das regras para obter sucesso nesta nova plataforma. Entre outras, a regra mais importante é desenvolver aplicativos que aproveitem os efeitos de rede para se tornarem melhores quanto mais são usados pelas pessoas, aproveitando a inteligência colectiva".


Tim O'Reilly, fundador da O'Reilly Media

 

     Na base da Web 2.0 está a participação dos utilizadores: eles acrescentam valor à rede, o serviço melhora quanto mais pessoas o usam, qualquer utilizador pode criar conteúdos e avaliar os que encontra (ratting). Sempre que os utilizadores adicionam conteúdo e sítios novos, esses passam a integrar a estrutura da rede à medida que outros utilizadores descobrem esse novo conteúdo e se ligam a ele. Esta rede de conexões transforma a web numa espécie de gigantesco cérebro global, em contínuo crescimento como se de uma estrutura orgânica se tratasse, o que não deixa de causar sobressaltos a muita gente. A crítica de que a Web se encaminha para uma imensa amálgama de conteúdos sem qualidade, face à ausência de dispositivos formais de avaliação de conteúdos, é contrariada pela crença de que «com um número suficiente de olhos, todos os bugs se tornam visíveis», pelo que apenas a qualidade sobreviverá à efemeridade da Web.


     Mais do que uma tecnologia, a Web 2.0 pode então ser definida como uma nova atitude, uma nova forma de as pessoas se relacionarem com e na Internet: a rede deixa de ligar apenas máquinas, passa a unir pessoas, um processo com implicações sociais profundas.


     Inteligência colectiva é um conceito que surgiu a partir dos debates promovidos por Pierre Lévy sobre as tecnologias da inteligência, caracterizado por um novo tipo pensamento sustentado por conexões sociais que são viáveis através da utilização das redes abertas de computação da Internet. A disseminação de conteúdos enciclopédicos sobre plataformas Wiki, é um exemplo da manifestação desse tipo de inteligência, na medida em que permite a edição colectiva de verbetes e sua hiper vinculação.

 

     “O que é inteligência colectiva?

 

     É uma inteligência distribuída por toda a parte, incessantemente valorizada, coordenada em tempo real, que resulta em mobilização efectiva das competências. Acrescentemos à nossa definição este complemento indispensável: a base e o objectivo da inteligência colectiva são o reconhecimento e o enriquecimento mútuo das pessoas, senão o culto de comunidades fetichizadas ou hipostasiadas.


     Uma inteligência distribuída por toda parte: tal é o nosso axioma inicial. Ninguém sabe tudo, todos sabem alguma coisa, todo o saber está na humanidade. “


Pierre Lévy in A inteligência coletiva: por uma antropologia do ciberespaço



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