quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Tenho de confessar…

estou viciada em blog’s….
Numa das muitas pesquisas de blog’s, descobri um que me pareceu bastante interessante, com artigos que nos fazem pensar…. deixou-vos aqui para o poderem ler…

Web 2.0: ameaças e oportunidades
Por Aleksandar Mandic


     Apesar de todo o seu anunciado potencial de inovação em várias frentes (da tecnológica à social, passando pela econômica), a verdade é que, sem modelos de uso e de negócios verdadeiramente robustos, a Web 2.0 corre o risco de não ser nem evolução e nem revolução, o que seria um tremendo desperdício. Por outro lado, nunca foi tão barato inovar e empreender como na Web 2.0.
     Muito já tem sido discutido a respeito das características do que seria a Web 2.0. Por isso, começo este artigo com apenas uma breve recapitulação dessas características a fim de preparar o terreno para discutir o assunto sob um enfoque que acredito ser importante e, a meu ver, pouco ressaltado até aqui.
     Mais do que uma nova versão de algum aplicativo específico de software, como um editor de textos, a Web 2.0 é na verdade um novo conjunto de práticas para a criação de aplicativos para a Internet.
    Mas o que esses aplicativos têm de especial em relação àqueles que marcaram os primeiros usos comerciais da rede durante os anos 90 a ponto de merecerem um novo termo que os caracterize?
     Bom, tecnicamente, a viabilidade da criação desses aplicativos surgiu da ação da Lei Moore, que prevê que a capacidade dos microprocessadores deve dobrar a cada 12 ou 18 meses sem que seus custos de produção cresçam na mesma proporção, e de dinâmicas semelhantes relativas a outros componentes e serviços como memória, armazenamento e banda, durante os anos que separam esses dois períodos.
     A capacidade dos sistemas computacionais comercialmente viáveis na atualidade supera muitas vezes a daqueles do início da Internet comercial.
     Isso, por sua vez, permite que hoje sejam executados aplicativos onde antes só era possível a publicação de conteúdos estáticos.
    Finalmente, em virtude das características do ambiente do seu uso, a Internet, esses aplicativos são definidos pelo potencial de interatividade e colaboração entre seus usuários e pela sua participação na criação, edição e publicação de novos conteúdos online.
   Não seria muito impreciso dizer que, na prática, esses aplicativos apenas transferem algumas funcionalidades do desktop para a web, além de simplificarem a colaboração e a publicação online.
   Ah sim, agora somos muitos milhões mais usuários na Internet do que no final da década de 90.


Isso é evolução ou revolução?

     Conceitualmente, e mesmo tecnicamente, isso é evolução. A massificação do uso desses aplicativos, porém, pode ser econômica e socialmente revolucionária. Permitam-me fazer um pequeno desvio e contar um pouco da história da indústria de computação que ajuda a ilustrar o meu argumento.
     Em 1975, em um centro de pesquisas avançadas da Xerox, o Palo Alto Research Center (PARC), já havia implementações plenamente funcionais das principais tecnologias que viriam a definir a indústria do PC nas décadas seguintes (tecnologias tais como a interface gráfica, redes locais ethernet, programação orientada a objetos e impressoras a laser).
     Lembrem-se de que a Microsoft foi fundada naquele mesmo ano. A Apple só seria fundada no ano seguinte.
     Além da impressora a laser (que, por sinal, rendeu muitas vezes mais que o custo de toda a pesquisa desenvolvida no PARC até então), a Xerox falhou em comercializar modelos viáveis das demais tecnologias (só os componentes do Alto, o PC criado no PARC, custavam cerca de US$ 10.000,00... e naquela época!).
     Foi preciso que os engenheiros da Apple viessem a conhecê-la durante uma visita ao PARC para que a interface gráfica ganhasse uma versão comercialmente viável na forma do Macintosh, em 1984. O Windows só ganharia uma versão independente do DOS em 1995.
     O advento das interfaces gráficas foi o que definitivamente transformou o PC em um produto de consumo de massa, com as conseqüências que todos conhecemos.
     Alguém diria que a massificação do PC não foi uma revolução social e econômica? Alguém sabe quem são Steve Jobs e Bill Gates? Alguém sabe o nome de algum dos pesquisadores do PARC nos anos setenta?
     A Web 2.0 pode representar para a Internet o mesmo que a interface gráfica representou para o PC em termos de simplificação de uso, de popularização e de criação de novos modelos econômicos.
    Além disso, no caso da Web 2.0 em especial, sua massificação também traz novas formas de interação social.


Ameaças


    Como eu disse, embora a Web 2.0 seja técnica e conceitualmente evolucionária, seu potencial de transformação social e econômica pode ser revolucionário. Eu disse "pode ser" porque, ao contrário do que toda a agitação e divulgação a respeito da Web 2.0 fazem parecer, a Web 2.0 não vai simplesmente acontecer espontaneamente, como que por autocatálise.
     Existe muita conversa a respeito dos efeitos revolucionários da Web 2.0, mas quase nada é dito sobre como a Web 2.0 vai ser financiada no longo prazo, isto é, como ela vai se pagar.
     Além disso, enquanto vivemos um momento de excitação com as possibilidades desse novo modelo, também há muita incerteza e cacofonia sobre os cenários de uso que vão efetivamente "pegar".
     Isso tudo é de extrema importância porque, afinal, é na forma de produtos e serviços comercializados por empresas privadas que essas inovações são introduzidas na sociedade.
    Como pudemos ver pela história do PARC, indefinições nessa área podem resultar em oportunidades perdidas e atrasos tecnológicos de décadas (não falta quem argumente que as "novidades" da Web 2.0 não passam de idéias da Web 1.0 tornadas técnica e economicamente viáveis).
     Para que o acesso a essas inovações seja duradouro, também é preciso que elas sejam sustentáveis do ponto de vista comercial. Do contrário, não há incentivos para que elas continuem sendo oferecidas.
     A história recente da Internet nos mostra que, mesmo quando há investimento de sobra para a criação e comercialização de novos produtos, esses esforços não geram frutos sem um modelo comercial sustentável.
     Então, quais são os casos de uso da Web 2.0 que devem se massificar? Será que vamos todos criar e manter blogs? Vamos todos usar a Wikipedia? Vamos mesmo usar editores de texto através do browser? Vamos todos usar o Orkut e criar tags para bookmarks no del.icio.us?
     O que pode diferenciar os vários serviços de publicação de blogs uns dos outros? E as diferentes redes sociais?


E como esses serviços vão gerar receitas a seus criadores?


Estudo de caso
     Creio que uma rápida análise da história do Google pode nos dar algumas indicações de como tornar a Web 2.0 mais robusta tanto como produto como quanto negócio.
     Em 1998, quando o Google foi oficialmente lançado como produto, era consenso que o mundo não precisava de mais um mecanismo de buscas na web. Já havia muitos deles e nenhum funcionava direito.
     Nessa época, o sistema de ordenamento de resultados de buscas de todos os mecanismos era baseado em métricas simples e facilmente manipuláveis como o número de vezes em que os termos de buscas apareciam em cada resultado.
     Além disso, o modelo predominante de receitas era a publicidade baseadas em números de impressões, isto é, no número de vezes em que um banner era mostrado aos usuários.
     Por essa razão, todos os serviços que haviam começado como mecanismos de buscas haviam expandido seus serviços para também incluírem diferentes formas de conteúdo a fim de manter cada usuário o máximo de tempo possível em seus domínios para que pudessem lhe mostrar um monte de banners.


Eles estavam se tornando "portais de internet".


     De fato, em relatório aos acionistas, o presidente mundial do Yahoo na época chegava a se vangloriar da queda no tráfego do seu mecanismo de buscas, o que significava que seus usuários não tinham interesse em sair do Yahoo durante seu tempo online!
     Eis que surge o Google, que incorporava um sistema de ordenamento de resultados de buscas que parecia adivinhar o que os usuários estavam procurando e que era muito mais difícil de ser manipulado. Basicamente, esse sistema de ordenamento, chamado de PageRank, contava o número de links que cada página na web tinha apontado pra si e usava esse número como indicação da importância de cada documento.
     Assim, o Google, um mecanismo de buscas que realmente retornava resultados relevantes, tornou-se o principal ponto de partida para a navegação na web (em toda a web e não apenas em um portal), agregando tráfego comparável ao dos grandes portais.
     A fim de capitalizar esse tráfego, o Google lançou o AdWords, um sistema de publicidade em que são veiculados pequenos anúncios de texto ao lado dos resultados de busca. Esses anúncios são vinculados aos termos de busca.
     Cada anunciante escolhe os termos de busca aos quais deseja associar seus anúncios de texto e, havendo mais de um interessado, seus anúncios são ordenados segundo o maior lance dado por cada um deles em leilão.
     Esse leilão é acontece automaticamente entre o tempo em que o usuário do serviço envia os seus termos de buscas e recebe de volta os resultados correspondentes (é rápido assim mesmo).
     Os valores dos lances são pré-definidos pelos anunciantes. Além disso, eles também "carregam" seus anúncios com créditos, tal como na telefonia celular pré-paga. Esses créditos só são descontados quando os anúncios são clicados, levando o usuário do serviço ao destino definido pelo anunciante.
     O AdWords incorporava contextualização e medição de performance ao mundo da publicidade online e na medida do bolso de casa anunciante (o lance mínimo era de US$ 0,05).
     Pronto, estava criada uma máquina de imprimir dinheiro em um tipo de serviço em que, até pouco tempo, o presidente mundial do Yahoo, a maior empresa de Internet de então, fazia questão de dizer que sua empresa não ia bem e que isso não importava.
     Minha pergunta agora é: qual será o PageRank dos blogs, das redes sociais, dos wikis ou dos aplicativos online de escritório?
     Qual será a funcionalidade que tornará toda uma categoria de serviço tida até então como confusa e de utilidade questionável em algo indispensável em nossas vidas online?
E qual será seu equivalente do AdWords? Qual será a sua nova "sacada" em termos de geração de receitas?
Qual será "aquela" forma de analisar esse cenário e que está na nossa cara, mas não estamos enxergando?
Oportunidades
     A essa altura, você pode estar pensando que não há como competir com o Google. Bom, a verdade é que nenhuma empresa muito grande é boa em todos os segmentos em que atua (e nem atuam em todos os segmentos existentes).


Do contrário, o próprio Google não teria surgido em face da atuação da Microsoft, certo?


     De fato, já vimos alguns casos que mostram os possíveis pontos fracos do Google, sendo os mais notórios os exemplos do MySpace, uma rede social muito popular nos Estados Unidos e no mundo, e do YouTube.
     Embora nenhum deles tenha chegado perto de gerar receita semelhante à do Google (talvez porque lhes tenha faltado uma "sacada" correspondente ao AdWords), ambos venceram os serviços equivalentes aos seus oferecidos pelo Google na preferência dos usuários (pelo menos no resto do mundo, onde o Orkut nunca fez o mesmo sucesso que aqui).
     Recentemente, o Google deixou passar a oportunidade de adquirir o MySpace por cerca de US$ 250 milhões, pouco menos da metade do que foi posteriormente pago pela News Corp. pela aquisição do serviço, para logo depois fechar um acordo em que pagará US$ 900 milhões ao mesmo MySpace pelo direito exclusivo de veicular anúncios no site por apenas três anos.
     Além disso, o Google pagou cerca US$1,6 bilhão pela aquisição do YouTube, apesar de oferecer serviçoequivalente, o Google Video. Como todos sabemos, o YouTube, mais do que um serviço de vídeos, é uma rede social em torno da qual são compartilhados vídeos.

Além disso, quantas pessoas que você conhece usam serviços como o Google Base ou o Google Co-op? Você já usou algum deles?

     Então, aparentemente o Google não é muito forte em um tipo de serviço fundamental da Web 2.0: as redes sociais (se pensarmos bem, há várias pequenas e grandes melhorias que poderiam fazer uma nova rede social bastante atraente; que tal poder determinar quem pode e quem não pode ver suas fotos ou outras partes do seu perfil?),


E se as redes sociais pudessem ser usadas como uma forma de identidade virtual que servisse para autenticar seu acesso a determinados serviços ou para contextualizar toda a sua experiência online, de forma que cada site lembrasse das suas preferências sem que você precisasse entrar com um login e uma senha diferentes em cada um deles?

     Bom, mas isso não é sobre competir com o Google apenas. Existem outros serviços que, embora não atinjam as mesmas receitas, demonstram boa viabilidade como produto e são lucrativos também.


Aliás, você deve ter notado que eu encerrei minha história sobre a Apple antes de chegar na parte em que a Microsoft se torna a dona do mercado de PC, certo?


Virtude é fazer


     A verdade é que, nunca foi tão barato inovar e empreender como na Web 2.0.
     Hardware que hoje é muitas vezes mais robusto que aquele de poucos anos atrás custa muito menos. Existe uma abundância de excelentes ferramentas de software de código livre (e gratuitas). E, a menos que você esteja servindo vídeos online, seu custo de banda dificilmente serão altos.
     Qualquer modificação que você faça no seu software torna-se instantaneamente disponível a todos os usuários do seu serviço, sem que você tenha que desenvolver e manter uma cadeia de distribuidores físicos. Seus usuários nem mesmo precisarão baixar e instalar nada.
     Só não pense que barato significa fácil.
     Tudo o que tem valor é difícil. Difícil de imaginar, mais difícil ainda de executar na prática.
     Por outro lado, o inverso não é necessariamente verdade. Por isso, cuidado na hora de escolher que problemas seu serviço vai resolver.
     Por fim, seu modelo de receitas não precisa ser baseado em publicidade.
     E nem tudo na web precisa ser gratuito.
     Você se surpreenderia com a quantidade pessoas e empresas dispostas a pagar um preço justo por um bom serviço de software como, por exemplo, um serviço de webmail com caixa de entrada que nunca lota, duplo anti-vírus, dois tipos de anti-spam, backup, sincronização de pastas com seu cliente de email, certificação digital e possibilidade de agregação de até dez outras contas de email numa mesma conta, além de outras características. ;-)

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